quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Repeat

Parou um instante frente à penteadeira e mirou sua imagem no espelho. Nada incomum, como esperava. Cabelos embaraçados, olheiras, algumas marcas do sono no rosto, nada mais.

Girou o corpo e seguiu para a porta, onde, ao sair, deparou com algumas roupas jogadas. Hesitou ainda, mas logo se decidiu por deixá-las onde estavam. Atravessou o corredor que levava à sala de estar e contornou mais tarde à cozinha. Escolheu um copo na prateleira e entornou para dentro dele o café que estava no vasilhame da cafeteira, apanhou alguns biscoitos no pote sobre o armário e sentou-se à mesa. Alternava goles e mordidas sem querer, sem perceber a lentidão com que a cena transcorria. Devorou os biscoitos mais rápido que bebeu o café, gostava mais do café. Pensou em pegar mais alguns biscoitos, mas o biscoito atrapalhava o gosto do café. Por isso deixara o café acabar depois. Pensando nisso encheu até a metade do copo com mais café do vasilhame. Como não escolhera comer mais biscoitos, o café desapareceu mais rápido dessa vez no interior do copo.

Lavou rapidamente a louça que havia sobre a pia da cozinha e atravessou o apartamento até o chuveiro. Despiu-se rapidamente e esperou impaciente a água do chuveiro esquentar. Olhava para cima, de onde vinha a água, e mantinha o braço estendido sob o jato pra se fazer termômetro. Quando julgou ideal a temperatura da água, enfiou-se sob o chuveiro e deixou escapar um prazeroso gemido de alívio.

A água a convidava para se demorar ali o quanto quisesse, e assim foi que se assustou quando abriu os olhos e se deu conta do tempo que corria sem que ela percebesse. Providenciou que todos os demais processos higiênicos necessários a partir de então fossem realizados com maior rapidez e logo menos se pôs para fora do banho.

Enxugou-se e vestiu-se, já em seu quarto, tão rapidamente como antes nada havia sido feito até ali e poucos minutos depois olhava os frascos de perfume sobre a penteadeira. Escolheu o frasco mais vazio, o da ponta, que era também o que ela havia usado no dia anterior. Que era - isso vinha agora à tona - o mesmo que ela costumava usar no anterior. Era o perfume que tinha o cheiro dela, já nem podia mais dizer que era ela quem tinha o cheiro do perfume.

Guardou o frasco no mesmo lugar, apanhou a bolsa e saiu. Sentiu um frio na barriga enquanto esperava o elevador. Então era o mesmo frio na barriga que sentira ontem antes de embarcar no também mesmo elevador.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Primeiro post de 2010 - Fuvest

O primeiro post de 2010, vejam só, no dia 11 de janeiro. Quase que venho aqui para desejar um feliz ano novo, de novo.

Bom, a primeira semana inteira de 2010 foi semana de FUVEST e, graças a Deus, já passou. Foram três dias de tensão, de desespero e de culpa. Um sentimento de culpa absurdo, porque a gente sempre acha que poderia ter estudado mais...

Como eu disse, passou, então eu não preciso mais falar dela até o dia 4/fev, que é quando veremos se fui aprovado.

Meu final de ano foi o pior que eu já tive e eu nunca comemorei tanto (por dentro) a chegada de um novo ano. Espero que esse seja BEM melhor que o outro, porque para ser simplesmente melhor não precisa muito.

Bom, como queimei muitos neurônios essa semana, não consegui postar nada descente de verdade, então o poema a seguir tem a mera função de ser uma postagem falida, mas espero que alguém goste.



Provo mais de mim

Tentando não ser

Assim

Um fragmento

Residente na parte

Que não me cabe

Concentrar e reagir

Tocar e sentir

De toda a verdade que

Escondi

Pelas pálpebras fechadas

Fronteira do que é meu
E que não sei



Eu daria a este poema o título de “Fuvest”

¬¬

Feliz ano novo

Tudo de bom

\o/