quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feriado

A brasa consumia o cigarro entrelaçado aos dedos destros enquanto ele exibia um riso antipático para a cidade, debruçado sobre o parapeito da janela da sala. Olhou as janelas que o circundavam, ninguém o espiava. Despejou as cinzas no jardim, sem culpa, e levou o cigarro à boca. Tragou.
A cidade estava estranhamente desinteressante. Observava e quase não podia constatar animação nas ruas. O céu que aparecia por entre os prédios, aquele e os vizinhos, era cinzento. Parecia um reflexo sem graça do asfalto.
Cuspiu a fumaça.
Procurou alguma coisa nova naquilo tudo, porque a vista já havia cansado. Nada.
Entendeu, por fim, que a tarde lá fora não era diferente daquela que transcorrera, até então, ali dentro. O silêncio e a languidez eram nele, o tempo todo.
Sentiu o cheiro da fumaça do cigarro. Lembrou-o e tragou.
Depois apagou o cigarro e o atirou no jardim. Cuspiu mais uma vez a fumaça. Olhou em volta com a mesma pressa daquele que se despede de um afeto, mas não havia afeto, então fechou a cortina e largou-se ao sofá.

***

Ultimo post de 2009 \o/
Que animação pra fechar o ano. Uhul
Dois mil e nove vai tarde, R.I.P, e dois mil e dez vai começar bem.
Três dias de prova na primeira semana. Bacana.
Mas a prova passará.


Que 2009 termine bem para vocês e comece melhor ainda o ano de 2010.
Muito obrigado a quem pasou por aqui e sintam-se convidados a voltar.
Tudo de bom, galera.

Torçam por mim na Fuvest
e assistam ao filme 'Minha vida sem mim'

Beijos

Feliz 2010 para nós todos!
\o/

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

"Minha vida sem mim"

Um post que vale a pena.

Neste post falarei do meu dia de Natal, sendo desimportante exceto por ter sido o dia que eu me reencontrei com meu filme favorito, o "Minha vida sem mim" (My life without me -Canadá/Espanha, 2003), que estava perdido na casa da minha avó.

Este filme não é aquele que mais combina com o dia de Natal, mas não importa, é sempre uma experiência agradável para mim assisti-lo novamente. É, eu já o assisti mais de seis, sete vezes (chutando baixo) e em cada vez consigo perceber uma sutileza nova que faz o filme ainda mais especial.

O que mais gosto nele é a forma com que são desenvolvidos diversos conflitos em torno de um principal. O filme, em resumo, faz a gente refletir a respeito da rotina e de como nela certas coisas passam desapercebidas.
Se eu falar mais sobre o filme ou colocar uma sinopse aqui, ele vai ficar com cara de clichê. O tema até dá a entender isso, mas o filme vai muito além.

Aqui vai o texto inicial do filme. Só pra se ter idéia:

"Esta é você. Olhos fechados, na chuva. Você nunca pensou que estaria fazendo algo parecido com isso, nunca se viu como - eu não sei como descreveria... - como uma daquelas pessoas que gostam de olhar para a lua, que passam horas contemplando as ondas ou o pôr-do-Sol, ou... Acho que você sabe o tipo de pessoa que eu estou falando. Talvez você não. Enfim, você meio que gosta de estar assim, lutando contra o frio, sentindo a água penetrar através de sua camisa até a sua pele e a sensação do chão ficando fofo embaixo dos seus pés. E o cheiro... e o barulho da chuva batendo nas folhas. Todas as coisas que estão nos livros que você não leu. Esta é você, quem teria imaginado? Você."

Fica então a dica, coisa que eu nunca fiz antes no escape.


=D

ficha técnica:

  • título original: Mi Vida Sin Mi
  • gênero: Drama
  • duração: 01 hs 46 min
  • ano de lançamento: 2003
  • estúdio: El Deseo S.A. / My Life Productions Inc. Milestone Productions Inc. / SLU
  • destribuidora: Sony Pictures Classics / Warner Brothers / Imagem Filmes
  • direção: Isabel Coixet
  • roteiro: Isabel Coixet, baseado em livro de Nancy Kincaid
  • produção: Esther García e Gordon McLennan
  • música: Alfonso Vilallonga
  • fotografia: Jean-Claude Larrieu
  • direção de arte: Shelley Bottom
  • figurino: Katia Stano
  • edição: Lisa Robison

Assistam



PS.: Se for assistir, preste atenção nos detalhes mínimos como as taças de cristal, a lanchonete e o cheesecake, a faxina e todos os diálogos e reflexões. Vale muito a pena esse filme!


Outro PS: No post abaixo eu citei a música "Amor pra recomeçar" do frejat. Depois uma amiga minha, uma tal de Marina (... morena você se pintou? xD), me disse que a música havia sido inspirada no poema "Desejo", de Victor Hugo. Pois é, eu não sabia disso. Gostei muito do poema também e se vcê não o conhece, procure-o. A música é bem fiel ao poema, mas como a Mah e eu concluímos, "o poema tem mais coisinhas, por isso é mais legal".
É isso. Valeu, Mah, por ler o blog e pelo Victor Hugo.



quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Então, é Natal...

Podem pular a parte verde escura.

O Natal acontece todo ano, há mais de dois mil anos. Não tem como ser original, não é?

Bom, eu não quero falar do Natal, porque este Natal vai ser muito diferente do Natal passado. Como o Natal passado foi melhor que o retrasado, neste sentirei falta de algo, mas é Natal e não tem como fingir que não.

Paciência.


É, amanhã é Natal e eu estou indiferente a isso tudo. Eu passei pela Avenida Paulista todos os dias dessa semana, assisti aos corais de Natal, tudo para entrar no clima e não deu certo. Agora não tem jeito, acabou, o Natal está aí.

Geralmente as decorações e o espírito de Natal me conquistam e ganham a minha simpatia, e mesmo com muito esforço, dessa fez eu não me emocionei com os cânticos, nem com as luzes, nem com as alegrias das pessoas, nem em pensar naqueles que não têm ceia ou presentes, nada, enfim, me comoveu.


É, amanhã é Natal. Depois contaremos menos de uma semana até o fim do ano de 2009 que, para mim, está fazendo hora extra. E quanto mais ele demora a ir, mais tempo eu tenho de remoer todas as histórias que eu vivi no ano. É disso que eu não gosto.

As coisas boas deixaram uma saudade difícil de descrever. É uma saudade que traz junto um pesar e uma sensação de cansaço, horríveis. Já as lembranças ruins, essas eu gosto, porque nelas obtenho o meu perdão.


Bom, amanhã é Natal.

Quero, então, finalizar o post mais estúpido que já teve espaço neste blog (e olha que é só mais um) desejando a todos os leitores, amigos, visitantes e etc. um Feliz Natal, seja lá como for. Que nesta data possam refletir sobre coisas importantes de suas vidas, sejam de cunho particular, social, político... Como quiserem, reflitam! Reflitam sobre o amor!

Não deixem esta data passar em branco. Digo isto porque simboliza o Nascimento de Jesus, o maluco que, vendo uma multidão a hostilizá-lo, orou para que Deus os perdoasse.

Se você por algum motivo não acredita na história que acabei de mencionar, não quero mudar a seus conceitos religiosos, só quero mesmo é tentar fazer com que reflita sobre esse negócio de amar o próximo.

Não reflita somente no Natal, ele acontece apenas uma vez a cada ano, como disse no começo do texto, mas aproveitem o Natal principalmente para refletir. É pertinente e ajuda pra caramba.

Finalmente, quero deixar uma música (trecho), que ouvi de um dos corais da Paulista.

Eu te desejo
Não parar tão cedo
Pois toda idade tem
Prazer e medo...

E com os que erram
Feio e bastante
Que você consiga
Ser tolerante...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

[...]

Eu desejo!
Que você ganhe dinheiro
Pois é preciso
Viver também
E que você diga a ele
Pelo menos uma vez
Quem é mesmo
O dono de quem...

(Amor pra recomeçar – Frejat)


PS: A parte mais clara tem mais coerência e mais relevância.

Sucesso e

** FELIZ NATAL**

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Segurança

Fechadas as portas, janelas e coração
É mais terno, mais quente
É mais seguro e controlável
É um abrigo à Luz e à canção
Surda e interna. Própria

Velo tudo à volta
Antes que esse tudo se vá
Fecho tudo e tranco aqui
Guardo cá
A tempestade e a paz
Minhas só

Ninguém mais

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Luzes

Eu fiquei entre duas luzes. Uma luz era a tal Luz branca, a outra, a Luz no fim do túnel. Foi patético.

Eu acordei e não sabia onde estava, nem para onde estava sendo levado, nem nada. Eu estava realmente perdido. Demorei ainda um pouco perceber o que tinha acontecido, mas demorei muito mais para entender o que tinha acontecido.

Percebi que tinha ido parar em hospital qualquer e que apenas me acompanhava um amigo. Percebi também umas dores pelo corpo, uma tonteira e foi tudo o que eu pude perceber.

Meu cérebro processava coisas que eu não tenho condição de lembrar, como a maioria das coisas ocorridas até aquele momento. Só sentia vontade de correr e sair daquele lugar, ir para qualquer lugar que fosse distante do meu conhecimento, mas meu corpo estava inerte.

Não havia músculo ou esqueleto que obedecesse aos comandos do meu cérebro. Isso me irritava muito.

Como não podia controlar o meu corpo, decidi fazer esforços maiores com o cérebro e procurei me situar no espaço e no tempo. Vasculhei por toda a memória e pouco conseguia ligar entre as coisas que haviam acontecido e aquilo, que é como eu prefiro chamar a situação.

Mais tarde descobri que aquilo fora o mais perto do nada que eu um dia pude experimentar. Foi o mais próximo que cheguei do que é nada. Inconsciência.

Por mais que eu tente me lembrar, é impossível saber como cheguei ali, como tudo aconteceu. Consigo apenas enxergar luzes.

Como é bom não lembrar, como é bom não sentir...
E estive inconsciente e descobri que isto é um estado que te faz não lembrar, não sentir, não querer, não precisar... É estar quase morto, o coma. É a melhor coisa da qual consigo me lembrar, exatamente porque é a parte da vida que, por mais que eu queria, não consigo acessar. Só existe a Luz.