sexta-feira, 31 de julho de 2009

Das nove


Quando nossas bundas esquentam as poltronas que nos separam do chão e nos guardam o melhor lugar em frente à televisão, qualquer força empenhada para erguer-nos dali é incômoda. É natural que o conforto e calor do estofado nos mantenham fiéis o maior espaço de tempo possível e saudosos quando distantes. Inertes, somos incapazes, muitas vezes, de abalar nosso comodismo, mesmo sabendo quão bem isso poderia nos trazer. É assim que nos tornamos revolucionários domésticos.
Comodamente colocados ante o televisor, captamos atentamente aos informes arremessados em brasa em nossas direções. É estabelecida a ligação direta entre a informação e nossa (in) consciência. Nos revoltamos e maldizemos os vilões expostos. Indignados, prometemos a nós mesmos realizar vingança. Enfim, aceitamos que algo deve ser feito.
Estamos agora plenamente insatisfeitos com a realidade e absolutamente comprometidos a mudar em definitivo.
É lamentável, porém, que em poucos minutos nossa consciência já tenha se vinculado a outra causa nobre, talvez maior que a anterior, por que não? É muito difícil pensar na realidade que se vive quando há afeto maior à causa da mocinha da novela.
Mas a culpa não é nossa, afinal a telenovela vem logo após o telejornal e mais tarde já é a hora de ir para a cama.
Dormir é o melhor remédio para esquecer.

Um comentário:

  1. A super exposição da "pandemia" é um belo exemplo disso meu rapaz
    cade a gripe aviaria e as outras doenças que prejudicam muita gente?

    não assisto mais tv,vou atras das noticias e do entretenimento ;D

    mas gostei dos dias extras de ferias.

    -

    vc escreve tão bem *-*

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