sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sufoco


Era um pedaço de papel, mas eu não o via. Era mais do que branco, ou da cor que ele fosse. Era um pedaço de papel que me incomodava enormemente, me paralisava. Ele não foi prudente, me desafiava, me tocava, me intrigava, me enlouquecia e continuava a ser um pedaço de papel. Maldito pedaço de papel.
Era um pedaço de papel que me amarrava qual camisa de força. Não escapava, não podia me livrar custasse todo o meu esforço. Ele estava ali, me estrangulando indiferentemente. Não vibrava nem ressentia, me esmagava sem qualquer gesto. Aquele pedaço de papel me consumia livremente.
Não me doía mais. Não sabia o motivo pelo qual me rebelava diante a um pedaço de papel, mas estava descontrolado.
Não via saída, era matar ou morrer. Um pedaço de papel ganhava a batalha e isso me enfurecia. Fui cegamente guiado pelo desespero. Prendia a respiração, aflito, e não pude evitar: Enchi-o com minha caligrafia, feroz e imponente, sem temores. Só assim retomei minha liberdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário