A reunião se estendia ainda mais cansativa pela falta do ar-condicionado, em manutenção, em conjunto ao dia quente que se fazia naquela quarta-feira. Os cubos de gelo não se destacavam por muito tempo dentro do copo com água, logo se tornava homogêneo o estado do que havia dentro do copo sobre a mesa.
A reunião era mais uma daquelas rotineiras, onde se repetia tudo o que havia sido proposto na quinzena anterior: os projetos, as metas, as funções. Nada que não pudesse ter sido adiado. A reunião não era tão urgente, urgente mesmo era fugir dali.
O cansaço de Roberto ia um tanto além do calor e das horas ocupadas pela reunião.
Fosse qualquer outro dia da semana, fosse a reunião conduzida dentro de um frigorífico, ou apenas nas condições perfeitas do ar-condicionado, ou que durasse a reunião apenas um quarto de hora, não seria diferente. O cansaço era o terno que vestia, o couro da cadeira que ocupava, a vista da cidade que se tinha naquele andar, os rostos feios dos outros ocupantes da sala, o copo e o corpo suados, e até o rosto moldado em exibição. Enfim, o cansaço entrara junto dele pela porta e havia se tornado tudo que fazia sentido dentro daquela sala.
Quando a reunião foi encerrada, Roberto foi um dos primeiros a se levantar, já com as coisas prontas ara sair o mais rápido que pudesse daquele prédio imponente de apartamentos comerciais, que por ele tinha o apelido de inferno. Despediu-se brevemente dos amigos de trabalho, só os mais chegados, e se lançou quase que correndo pelos corredores até o elevador, o único do andar.
Adentrou-o com uma feição estranhamente animada. Era o único ali com tal animação.
É que, na verdade, só ele mesmo é quem tinha um bom motivo para se animar, mas tinha que correr, pois estava atrasado para o compromisso.
Pegou o carro no estacionamento e o guiou velozmente, mas não ia muito longe. Cerca de três quadras adiante viraria à esquerda e seguiria reto por mais duas ou três quadras, quando encontraria o portão de estacionamento do parque. Ufa! Chegou a tempo! Antes ainda de sentir alívio completo, observou e notou que seu banco predileto ainda estava vazio. Sentou-se e pronto. Havia ali um encontro, um compromisso semanal, coincidente quinzenalmente com as reuniões no trabalho. Era o Pôr-do-Sol, que naquela tarde, satisfatoriamente, se deu em céu aberto. Era ali o único a notar isso, jurava então, seguramente, que era dentre todos no parque o que havia tido a melhor terça-feira e o melhor preparado para a quarta.
Adorei o post.
ResponderExcluirFiquei imaginando outro desenrolar. rs
Beijoo
Adorei! :)
ResponderExcluirAcredito que se todos empresários fizessem isso após uma reunião desgastante, todos seriam muito mais felizes.
=*
se todos os empresários fizessem isso, acho que até o pôr-do-sol ia dar um jeito de se livrar das chuvas rotineiras de são paulo e nos presentear com isso o ano todo, só para nos ver feliz.
ResponderExcluirSumiu?
ResponderExcluirAdorei! E me lembrei que faz muito tempo que não me dou o prazer de presenciar um por-do-sol... Vou me esforçar!
ResponderExcluirbeijo e continue escrevendo, moço!