segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FIGHTER

Ao terminar de ler a carta, não pode conter a ânsia. Correu o mais rápido até o banheiro, onde se debruçou sobre o vaso sanitário e despejou toda a bile amarga. As contrações abdominais eram violentas e logo o esforço rompeu alguns vasos sanguíneos, que coloriram de vermelho aquela amarelo hepático que desenhava o seu desespero.
A carta não estava sendo esperada e não trazia boas notícias. As más notícias contidas eram alguma espécie de chá pra provocar o vômito.
Arfava golfadas importantes de ar, mas quando voltava à carta, era tomada de soluços desesperadores e sofridos. O som que emitia era semelhante ao de um cachorro atropelado que não teve a sorte de morrer. Sim, a carta fizera isso. Agora ela sabia o que era, era um simples cachorro que, machucado no atropelamento, não morreu. Agora gritava, implorava um golpe na cabeça, um golpe capaz de silenciá-la.


4 comentários:

  1. Ui, que dramático! Não queria estar na pele desta pessoa. rs

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  2. mesmo só algumas palavras nos dilaceram por dentro.
    como uma coisa que nos corta.

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  3. Que texto intenso. Às cvezes as palavras provocam mesmo efeitos extremos na gente.

    Aproveito para te contar que fiz uma reforma no blog. O 'Não solta a minha mão nuca, tá?!' agora é 'Segredos de Travesseiro'. O conteúdo continua o mesmo, mas agora ele está mais com a minha cara :) Quando puder passa lá para visitar a minha casa nova.

    Beijos

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  4. Nossa, Vinícius! A descrição dos sentimentos, do sofrimento está perfeita! Parece até que estamos sentindo com o personagem...

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