domingo, 1 de novembro de 2009

Um dia feliz, pra ninguém...


Não demorou a perceber que estava atrasado. As horas na cama não esgotaram seu cansaço e ali se deixou ficar mais tempo do que havia calculado, porém era tempo necessário. Tempo que lhe faria falta, com certeza, mas de que ele não se arrependeu por perder.

Nos últimos dias não havia gastado tantos minutos para si. Parou e pensou naquela semana que teria fim em algumas horas. Já nem lembrava como era ocupar o pensamento com coisas que não estivessem ligadas ao seu lado máquina. Naquele dia pensou.

Só então é que pôde perceber com calma que estava tudo diferente.

Naquela semana não houve reclamações, naquela semana foi dormir a hora que quis, ouviu as músicas que queria, no volume que lhe parecia justo, saiu com os amigos que teve vontade, comeu e bebeu o que quis. Naquela semana não se perguntou onde estava seu erro, naquela semana pra nada teve de se justificar, não precisou falar o que não queria, não teve de se forçar a nada.

Sentiu, sim, falta das chamadas não atendidas no celular e de encontrar a luz acesa ao abrir a porta. Teve de se acostumar a pegar a chave na portaria (no primeiro dia subiu direto e depois teve de voltar) e teve também a liberdade de mudar os canais o quanto quis.

Encontrava-se parado, sozinho na cama, pensando. Era sábado e hoje o expediente no trabalho duraria a metade dos demais dias da semana. Ia se atrasar, mas não se importou. Era um dia começando diferente e ele sabia exatamente tudo o que ia fazer. Se ia dar certo ou não, somente importaria a ele e mais ninguém. Ninguém.



Ouvindo:

Só por hoje - Detonautas Roque Clube

Pra Ninguém - Capital Inicial

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